VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Talvez por reflexo condicionado, quando ouço falar de violência doméstica lembro-me logo da televisão. É uma das mais eficazes formas de tortura, com a vantagem de ser servida ao domicílio e dispor de uma ampla lista de jogos sádicos. Os aparelhos modernos até já trazem comando.
Depois, meio desiludido, alcanço que a expressão quer significar apenas a violência não consentida do marido sobre a mulher. Ora, o problema da violência, no seu todo, não pode ser parcelado. E, por isso, assaltam-me certas dúvidas. A violência doméstica também inclui a brutalidade das parelhas gay? Os maus-tratos a crianças? A violência dos mais espigadotes contra os pais, avós e vizinhos? E os velhos, maltratados por homens e mulheres, subnutridos, espancados, abandonados — os velhos também podem ser considerados como vítimas de violência doméstica?

O assunto ultrapassa as paredes da casa. No fundo, a violência doméstica é a nossa forma de regime: o povinho a apanhar pela medida grande, sem ter sequer uma linha de apoio à vítima que o console.

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