Descobriram as editoras que os romances que se vendem bem andam pelas quatrocentas ou quinhentas páginas. Logo os escritores começaram a largar de si livros cada dia mais folhudos. Se já era difícil partejassem prosa de qualidade, será
hoje um milagre que escrevam coisas de valor proporcionado ao número
de páginas.
Os volumes saem das gráficas pesadíssimos, inchados, a
arrastar os pés pelo chão — e com capas do Cayatte para impressionar toda a cabeleireira alfabetizada.
Isto dos romances de quilo foi uma
grande ideia comercial. A leitora compra o Rodrigues dos
Santos ou o Domingos Amaral por 20 euros e fica com literatura para o ano
inteiro. É o mesmo princípio que levava dantes a gente a sortir-se de vinho com
um garrafão de 5 litros para não ter que demandar a taberna todos os
dias.
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