GOULART

A Gisela João, talvez a revelação discográfica do ano, gravou Madrugada sem Sono, um belíssimo poema de Goulart Nogueira. O lance merece desenvolvimento. Goulart Nogueira é um dos milagres da poesia portuguesa na segunda metade do século XX. A sua obra poética permanece em grande parte inédita, visto que só editou um livro de poesia, Barco Vazio em Rio de Sombra, em 1951.
Algumas wikipédias dão-no por morto. Está vivo, a caminho dos 90 anos, embora acamado e sem consciência de si há mais de uma década. Em 2008, pediram-me que ajudasse a coligir e organizar os seus inéditos, dispersos por mil e um papéis, envelopes e até pacotes de açúcar, tarefa que realizei com a paixão da descoberta. 
Sobressai na poesia de Goulart um talento chispante, revulsivo, com perscrutações semânticas, ontológicas e metafísicas, mas sempre numa linguagem pura além do escândalo da sua originalidade e dos temas. Jorge de Sena escreveu que "um amoralismo subterrâneo e dramático deu-lhe, todavia, sob a versificação brilhante, uma perturbadora vibração". Oxalá seja editado e depressa. 

3 comentários :

  1. Tenho ouvido vezes sem conta o «Madrugada sem Sono» e não fazia ideia que era um poema de Goulart Nogueira.

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  2. Muito bonito. Na verdade, mais do que bonito, é lindo. Será que os leitores que têm o saudável hábito de por aqui passar, poderão vir a ser presenteados com mais alguns poemas saídos da pena deste ilustre cultor da língua portuguesa?:)

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  3. Vou publicar já de seguida outro poema de Goulart Nogueira.

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