A poesia é sempre uma forma de solidão. Wallace Stevens levou uma vida pacata de administrador de uma seguradora em
Hartford, no Connecticut. Integrou o lote daqueles literatos
discretos e de fato escuro, com Kaváfis e Pessoa,
empregado de escritório na Moutinho & Almeida. Embora cada um
a seu modo, todos eles foram homens solitários.
De
Stevens não abundam registos de vida social. Só quando morreu, em 1955, é que os
colegas descobriram que naquele gabinete trabalhara um dos maiores poetas modernistas
do século XX.
The Place of the Solitaires
Let the place of the solitaires
Be a place of perpetual undulation.
Whether it be in mid-sea
On the dark, green water-wheel,
Or on the beaches,
There must be no cessation
Of motion, or of the noise of motion,
The renewal of noise
And manifold continuation;
And, most, of the motion of thought
And its restless iteration,
In the place of the solitaires,
Which is to be a place of perpetual undulation.
On the dark, green water-wheel,
Or on the beaches,
There must be no cessation
Of motion, or of the noise of motion,
The renewal of noise
And manifold continuation;
And, most, of the motion of thought
And its restless iteration,
In the place of the solitaires,
Which is to be a place of perpetual undulation.
O Lugar dos Solitários
Que o lugar dos solitários
Seja um lugar de perpétua ondulação.
Quer seja em pleno mar,
Na escura e verde nora
Ou nas praias,
Que nunca cesse
O movimento, ou o som do movimento,
A sucessão desse som
E o seu múltiplo prolongamento.
E, sobretudo, do movimento das ideias
E da sua incansável iteração,
No lugar dos solitários,
Que há-de ser um lugar de perpétua ondulação.
[versão B.O.S.]
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