A FILOSOFIA E O MATRIMÓNIO

A filosofia e o matrimónio são incompatíveis. Os grandes filósofos foram misóginos. Cada um à sua maneira. Ou eunucos, como Orígenes, ou virgens, como S. Tomás de Aquino, ou celibatários maiores da marca, como Platão, Espinoza, Kant, Schopenhauer e Nietzsche. Ou até onanistas, como Kierkegaard e Leopardi. A epistemologia não suporta cônjuges nem o choro das criancinhas. Um filósofo casado é um filósofo acabado.
Giovanni Papini explicava esta incompatibilidade do seguinte modo: a mulher representa a vida enquanto a filosofia vem a ser uma espécie de morte. Por outras palavras: a mulher é o primado do sentimento e das sensações, ao passo que a filosofia quer ser racionalismo puro.
Perdurou em Portugal por um decénio mal medido um desses case studies, como agora se diz. O pensador cinquentão cede ao casamento e, assim diminuído no contacto com a vida familiar, deixa imediatamente de produzir e escrever. Uma verdadeira desgraça. Já lhe não lampejam novos raciocínios e ideias. Mas, quando tudo parece perdido, o destino amerceia-se do homem, que lá consegue encarrilhar de volta à razão e ao pensamento especulativo. Ainda há finais felizes.

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