Mato o que te prender, sem mim, à vida.
Sou a luz que te entrega e rouba a cor,
Exército, violências, investida,
Amar-te é destruir-te, meu amor.
Sou a luz que te entrega e rouba a cor,
Exército, violências, investida,
Amar-te é destruir-te, meu amor.
Tua língua se estorce em minha boca
E o meu corpo raivoso esmaga o teu.
Numa esfera de sombra, imensa e oca,
Giramos, na loucura que nos deu.
E o meu corpo raivoso esmaga o teu.
Numa esfera de sombra, imensa e oca,
Giramos, na loucura que nos deu.
Enrodilhados, somos um chicote
Silvando, pela noite, e a voar.
Um silêncio expectante. Um holofote,
Súbito, irrompe, descobrindo o mar.
Silvando, pela noite, e a voar.
Um silêncio expectante. Um holofote,
Súbito, irrompe, descobrindo o mar.
Um instante: no espasmo, nós tocamos
A Morte, os astros, a unidade. Eleitos,
Vemos a face à Vida e ali ficamos
Suspensos, intangíveis e perfeitos.
A Morte, os astros, a unidade. Eleitos,
Vemos a face à Vida e ali ficamos
Suspensos, intangíveis e perfeitos.
Conheço que o teu corpo é, nesta luta,
Nossa realidade encarcerada.
E a voz do mar se esconde e espreita e escuta
Na gruta da tua carne e do teu nada.
Teu corpo é o Absoluto estilhaçado
Nossa realidade encarcerada.
E a voz do mar se esconde e espreita e escuta
Na gruta da tua carne e do teu nada.
Teu corpo é o Absoluto estilhaçado
E, para o libertar e recompor,
Preciso de incluí-lo, renovado.
Amar-te é destruir-te, meu amor.
Preciso de incluí-lo, renovado.
Amar-te é destruir-te, meu amor.
[Goulart Nogueira]
Outra pequena maravilha. Parabéns por nos oferecer tão gratificantes momentos de poesia.
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