OS IDIOTAS (IV)

O Saavedra [o presidente da Câmara] ia inaugurar um planetário. Tinha-o construído com fundos externos e agora ia ter de o deixar a apanhar pó por falta de verbas para o seu funcionamento e manutenção. Mas ia inaugurá-lo, fosse como fosse. A obra estava pronta, não estava? Sem equipamentos nem mobiliário, era certo. Estava pronta a construção [...]
A cidade não precisava de um planetário. Bastava que um tipo se afastasse algumas centenas de metros do centro e o céu oferecia-se-nos sem segredos [...]
A cidade não precisava de um planetário e ele não ia funcionar — mas o Saavedra ia inaugurá-lo, com pompa, circunstância e a admiração imbecil do povo. 
 
[Rui Ângelo Araújo, Os Idiotas, pp. 168-169] 

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