Acaba de ser publicado entre nós o romance inacabado Tudo
Passa, de Vassili Grossman, considerado com algum exagero um novo
Tolstói, mas escritor de fôlego na arte de narrar a mediocridade e o
sofrimento entre os homens.
O livro conta a história de um ex-preso político que regressa a Moscovo ao fim de trinta anos de trabalhos forçados na Sibéria. Na página 185, Grossman interroga-se se era verdadeiramente o amor à humanidade que movia os socialistas e responde que não:
O livro conta a história de um ex-preso político que regressa a Moscovo ao fim de trinta anos de trabalhos forçados na Sibéria. Na página 185, Grossman interroga-se se era verdadeiramente o amor à humanidade que movia os socialistas e responde que não:
"Um carácter assim comporta-se no meio da humanidade como um
cirurgião nas enfermarias da clínica — o seu interesse pelos doentes, pelos
seus pais, mulheres e mães, as suas brincadeiras, a sua luta contra o fenómeno
da infância desamparada, a sua preocupação com os operários que chegaram à
idade da reforma, tudo isso são insignificâncias, treta, casca. A alma do
cirurgião está no seu bisturi.
A essência de semelhantes pessoas assenta na fé fanática na
omnipotência da faca cirúrgica. O bisturi cirúrgico é um grande teórico, um
líder filosófico do século vinte".
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